Jorge Trabulo Marques - Jornalista O
INCÉNDIO DE NOTRE-DAME É PERDA IRREPARÁVEL, É VERDADE - ENTÃO OS MILHARES DE MORTOS E O
SAQUE DAS INVASÕES FRANCESAS A PORTUGAL? E OS SEM ABRIGO? A FOME EM ÁFRICA? -
ONDE ESTÁ A GENEROSIDADE DOS MILIONÁRIOS? -

As imagens transmitidas em direto do incêndio da histórica e monumental catedral de Notre-Dame, em Paris, rapidamente se espalharam pelo mundo e chocaram quem viu o tropel das labaredas a sobreporem-se aos meios de combate – E, de imediato, o papel que deveria caber ao governo, que é o de zelar pela preservação e salvaguarda do património artístico e cultural, a sacudir as responsabilidades e a servir para a hipocrisia do costume vir mostrar a sua falsa generosidade, com a certeza de que, o mecenato não é inteiramente uma dádiva mas uma forma de branquear impostos.



Entre o saque levado pelos franceses, na
sua primeira invasão, contam-se milhares de espécimes, animais e vegetais, que
hoje se encontram no Museu de História Natural de Paris.
Com o General Junot, na primeira invasão francesa,
veio também um cientista chamado Geoffroy Saint-Hilaire com o objetivo de
recolher espécimes e informações.Em Lisboa reuniu milhares de amostras, que incluem centenas de animais
empalhados, enviados para Paris e que hoje integram a coleção do Museu de
História Natural da capital francesa.
Um grande número destes espécimes veio do Brasil. Calcula-se que só da
coleção do Palácio da Ajuda tenham saído mais de mil animais.
No Museu de História Natural de Paris este material, roubado em Portugal
entre 1807 e 1808, é conhecido como a coleção do “Cabinet de Lisbonne http://ensina.rtp.pt/artigo/o-espolio-roubado-do-cabinet-de-lisbonne/

As Invasões
Francesas": destruição do património tumular - Reis e Rainhas foi "tudo à vida" -, Tiaras, Colares,
Pulseiras de ouro maciço, Véus, Armas, Documentos, Ordens e os Trajes de
inúmeros Reis, entre os quais, de D. Pedro e D, Inês e tudo o mais que os
túmulos encerravam, desapareceu definitivamente como se fosse um facto
consumado...

Mas além da destruição deste
e muito outro património, desapareceram iluminuras, pergaminhos, variados
estudos sobre fauna e flora no Novo Mundo, vasta documentação do Brasil e um
sem-fim de preciosidades únicas que os nossos antepassados obtiveram, ao longo
de centenas de anos da sua/nossa difícil História!... Por fim e depois de muita
insistência de discretos Autarcas deste país, lá se dignaram a devolver uns
livritos com algumas iluminuras e pouco mais... E por inacreditável que pareça,
ainda hoje, muitas ricas famílias Francesas, ostentam Arte histórica
Portuguesa, levada das nossas igrejas, túmulos e outros lugares sagrados como
se pertença sua fosse!... É caso para perguntar: então agora ainda lhe andam a
dar dinheirinho para eles recuperarem o seu património? Então e o nosso, que
até agora
JÁ LÁ VÃO DEZ ANOS SOBRE
ESTE APELO MAS NUNCA É TARDE DEMAIS SE HOUVER BOA VONTADE
Natália Correia
Guedes defende recuperação de peças roubadas nas invasões napoleónicas https://www.publico.pt/2009/12/11/jornal/natalia-correia-guedes-defende-recuperacao-de-pecas-roubadas-nas-invasoes-napoleonicas-18392291


Em Março de 1811 os Franceses iniciaram a
retirada. Desesperados pela fome, buscando mais a sobrevivência do que o
combate, levaram as atrocidades ao último grau, apanhando as populações em
fuga, a quem torturavam e matavam para lhes extorquir víveres. Coimbra foi
poupada, pois Massena não conseguiu entrar na cidade. Conduziu então os seus
homens para Espanha pela margem sul do rio Mondego, onde a carnificina
prosseguiu.
Nos dias 19 e 20 de Março, sem encontrar nada para comer, as tropas
francesas espalhavam-se por Pinhanços, Sandomil, Penalva do Castelo, Celorico
da Beira, Vila Cortês, Vinhó, Gouveia, Moimenta da Serra, etc.7 . As populações
do concelho de Mangualde8 já tinha evacuado as aldeias, no que chamaram o “3º
desterro”, isto é, a fuga para os matos, onde procuraram sobreviver escondidas
dos invasores. O 1º desterro tinha sido em Setembro de 1810 e o 2º em Dezembro
do mesmo ano e Janeiro de 1811.
Segundo uma testemunha de Molelos, freguesia de Tondela, “o inimigo consumiu e inutilizou todo o pão de pragana que existia no vale do Mondego, isto é, entre este rio e o Vouga, ao fazer por aqueles lugares não só a sua marcha sobre Lisboa, em Setembro de 1810, mas também a sua retirada nesse mesmo mês em que escreve, isto é, em Março de 1811”10.
À fome e aos assassínios, e
acompanhando as vagas de desalojados e de órfãos, sucederam-se as epidemias.
Regressados a suas casas, as populações encontraram a destruição e os campos
estéreis. A escassez de géneros tornou-se aflitiva e os preços dispararam. Só
muito lentamente a situação se normalizou. Nunca a população civil portuguesa
vivera um período tão trágico11.

O
terreno de todas as outras foi por ele calcado, desde o dia 21 de Setembro de
1810 até ao meio de Março de 1811”12. A miséria é geral, diz o provisor.
Segundo os seus cálculos, morreram violentamente às mãos dos soldados 3.000
pessoas e em consequência da epidemia que se seguiu, teriam falecido, no
mínimo, 35 mil habitantes da diocese.
E também o marquês de Sá
da Bandeira presenciou o sofrimento das populações na retirada das forças
francesas: “Encontrámos as povoações saqueadas e desertas, e muitas casas
incendiadas.
Os poucos habitantes que ao caminho nos vinham encontrar, homens,
mulheres e crianças, apresentavam o aspecto o mais desgraçado; famintos,
cobertos de farrapos, e parecendo alguns terem perdido a razão. A presença
destes infelizes indivíduos causava o maior dó. Soldados e oficiais do exército
aliado procuravam socorrê-los, partilhando com eles das suas escassas rações,
que eles comiam com a avidez da fome”16.
Em Coimbra, já no mês de Junho de 1810
se vivia uma situação aflitiva: os sucessivos sacrifícios impostos desde 1808 e
a contínua chegada e passagem de tropas com o consequente aboletamento
compulsivo, a imundície acumulada, a escassez de víveres e alta de preços,
conduzia à miséria e à doença grande parte da população.
Em reunião de 17 de
Junho da Mesa da Misericórdia, afirma-se que vivendo-se “tantas e tão
extraordinárias necessidades”, “... a numerosa classe da mesma pobreza se acha
reduzida à maior consternação e miséria, tendo subido o preço do pão a treze e
a catorze tostões a medida, com cujo preço não tem proporção alguma os lucros e
os meios dos jornaleiros e oficiais mecânicos e geralmente de toda a mesma
pobreza, a qual por isso tem padecido e actualmente padece as mais rigorosas
fomes, acrescendo a este flagelo o horroroso contágio que tanto tem grassado
nesta cidade e suas circunvizinhanças desde os princípios do corrente ano e que
infelizmente ate aqui não tem diminuído”17. - Excerto
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