Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - c

A HONRA DE TER ENTREVISTADO UM HOMEM VALOROSO, GENEROSO E PACIFICO
Na
véspera dos 45 anos pós 25 de Abril, tenho pois a honra e o prazer de
editar o excerto de uma longa e interessante entrevista, que me
concedeu em sua casa, não obstante estar num período de convalescença,
por razões de saúde - "Sabe, que ainda ontem tive 40º graus de febre"
-Confessava-me


Além de um excerto do registo sonoro, transcrevo também uma parte da extensa e muito esclarecedora e honrosa entrevista que me concedeu, contando editar, igualmente, em vídeo, as restantes declarações, noutra oportunidade
O PERÍODO QUENTE PÓS 25 DE ABRIL


A HONRA DE TER ENTREVISTADO UM HOMEM VALOROSO, GENEROSO E PACIFICO
Francisco da Costa Gomes - Chaves, 30 de Junho de 1914 — Lisboa, 31 de Julho de 2001


Declarações inéditas de Francisco Costa Gomes, uma vez que, da longa entrevista, que honrosamente me concedeu, na qualidade de repórter da extinta Rádio Comercial RDP, apenas escassos minutos foram transmitidos. O tema principal da minha deslocação a sua casa, versava sobre questões relacionadas com o armamento atómico e convencional das duas grandes potências e o papel do Marechal na Conferência Mundial da Paz, que, por agora, apenas reproduzo em texto .
E, de facto, foi a propósito destes assuntos, num tempo em que pareciam desanuviar-se algumas tensões, entre os dois blocos, que começaria por fazer as primeiras perguntas. Contudo, outros temas acabariam por ser abordados, nomeadamente, o que pensava do período quente pós 25 de Abril e da prisão de Otelo Saraiva de Carvalho - Conteúdo editado em vídeo. – Porém, é minha intenção, vir a editar, no Youtube, também outra interessante entrevista, sobre este tema
Nascido em Chaves, no seio de uma família numerosa, a sua infância é marcada pela morte do pai nas vésperas do seu 8.º aniversário. As dificuldades económicas da família levam a que, terminada a instrução primária, ingresse no Colégio Militar em Lisboa. A solução não lhe agrada, sobretudo devido ao afastamento da família.
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Com uma carreira militar brilhante, várias comissões de serviço nas colónias e estágios no Quartel-General da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), acabará por ser convidado, em Agosto de 1958, pelo ministro da Defesa, general Botelho Moniz, para o cargo de subsecretário de Estado do Exército. Começa assim uma carreira política que, depois de várias vicissitudes, o projectará ao mais alto cargo de Estado: a Presidência da República.
(…)Apesar da ambiguidade de que muitos o acusam, todos lhe reconhecem o mérito de ter conseguido evitar a guerra civil.

COSTA GOMES - O MILITAR PACIFISTA
O paladino da paz –.Um dos militares mais pacifistas, que, após deixar a Presidência da Republica, não aceita ser chamado a desempenhar qualquer cargo político, optando pelo Conselho Mundial da Paz, como terreno de intervenção, seguindo, atentamente e com preocupação, o recrudescimento das armas convencionais e atómicas das duas grandes potências, que, ao invés de olharem mais para os problemas da saúde e das condições de vida das populações, gastam milhões em armas atómicas e convencionais. –
RETIROU-SE DA POLITICA MILITAR PARA SE DEDICAR À PAZ MUNDIAL
F.C.G. A política nacional vejo-a simplesmente como observador e um observador muito atento, porque, como tenho dedicado a maior do meu tempo, às questões internacionais, sobretudo àquelas que dependem da paz e do desarmamento, e, como isso me leva, muitas vezes, a conferências para fora do país e me obriga a um preparação, quando estou em Portugal, que me faz alhear um pouco da política do dia a dia do nosso país, é claro que eu estou mais a par daquilo que se julga que constitui hoje a política internacional e a situação internacional de propriamente da politica nacional.
JTM - Porquê essa preocupação?

“MAIS DE METADE DOS CIENTISTAS DO MUNDO OCUPADOS EM APERFEIÇOAR MEIOS DE COMBATE” – Em vez de se empenharem com “os problema da fome, do analfabetismo, do meio-ambiente e da saúde
JTM – Acha que ainda há uma grande tensão entre os dois blocos?


Ora, esta situação só pode ser melhorada, diminuindo drasticamente as despesas militares, não só o que diz respeito aos orçamentos. Como também no que diz respeito à investigação científica. Porque, hoje, mais de metade dos cientistas no mundo, estão dedicadas a aperfeiçoar armas e aperfeiçoar meios de combate, quando, realmente, a todas as pessoas bem intencionadas, lhes parece que se deviam dedicar as era para o bem-estar da Humanidade, e, portanto, pró melhoramento das condições de vida de todos os Povos.
JTM – Acredita na possibilidade de um novo conflito à escala mundial?
F.C.G. - Acredito! Não porque as pessoas o queiram! Podemos dizer que 90% da população mundial é contra um conflito à escalda mundial - Mas, com o acumular de armas que existem no mundo e, com os pequenos conflitos locais, que ainda não conseguimos debelar e, outros que se podem desenvolver de um momento para o outro, como é, por exemplo, a situação do Golfo Pérsico, pois, uma destas situações, pode, sem querer, levar a um conflito mundial! E isso é extremamente perigoso, porque, as armas que depois se possuem, são de tal maneira potentes e de tal maneira poderosas, que, se elas forem empregues, durante muito tempo, será o tempo suficiente para aniquilar a vida sobre a Terra.
“OTELO TEVE AS SUAS DEFICIÊNCIAS MAS, DE UMA MANEIRA GERAL, FOI UM ELEMENTO POSITIVO E A REVOLUÇÃO DE ABRIL DEVE-LHE MUITO.
Otelo Saraiva de Carvalho, detido
a 20 de Junho de 1984 pela Polícia Judiciária, no âmbito deste processo. Da FP, com uma pena de 18 anos .De recordar, que o principal operacional do Movimento das Forças Armadas. nunca assumiu a criação das FP-25 nem a militância no grupo. Do tempo total de pena cumpriu apenas cinco anos. Em entrevista, concedida há Lusa, em 2010, Otelo confessou que, no dia em que recebeu a notícia da criação deste partido revolucionário armado, a encarou com "apreensão e perturbação com a ideia". Otelo: FP-25 foram "choque grande e um prejuízo tota

JTM – Sr. Marechal. Uma das figuras muito conhecidas e, de grande interveniência, na revolução, é Otelo Saraiva de Carvalho, atualmente preso: como é que vê a prisão de Otelo Saraiva de Carvalho?

, em que me esteve diretamente subordinado. – No Concelho de Revolução, porque eu era o Presidente do Concelho de Revolução; no COPCON COPCON –, porque o COPOCON estava dependente do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e eu acumulava as funções de Presidente da República e de Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Ora, nesse tempo, eu posso dizer-lhe que, Otelo teve as suas deficiências, mas, de uma maneira geral, foi um elemento positivo e a Revolução de 25 de Abril, deve-lhe muito.
Depois, do 25 de Novembro, praticamente nunca mais tive contactos com Otelo, mas, daquilo que eu conheço, a forma como eu pus o problema no Tribunal, eu julgo que o caráter , a moral e a maneira de ser do Otelo, não são de molde a admitir que ele, direta ou indiretamente, tenha tomado parte em qualquer das ações terroristas.
Era bom que se visse, que se estudasse bem, as ações terroristas, não só a partir de 1974 mas que se vissem bem as ações terroristas, entre 1975 e 1976, porque, realmente, nessa data houve muito terrorismo em Portugal! - Terrorismo absolutamente escusado! Terrorismo que que visava, única e simplesmente, o regulamento do status quo, então estabelecido, em que as pessoas, não hesitara em matar, em destruir, em fazer ações, que realmente todo o mundo hoje as condena, porque, felizmente, o terrorismo hoje está condenado internacionalmente de uma forma absoluta.
JTM – Portanto, em sua opinião, acha injusta a prisão de Otelo?


Não há dúvida nenhuma é que, Otelo Saraiva de carvalho, tem, em toda a Europa, uma data de pessoas importantes, sobretudo no campo jurídico, que o apoiam, que o defendem e que estão constantemente a fazer diligências para a sua libertação.

«A APRENDIZAGEM DA ARTE DA «PRUDÊNCIA»

Na lógica do marechal Costa Gomes, cabia aos militares dosear o uso da violência, tendo sempre como fim assegurar os objectivos de ordem e paz social. – Excerto Relações Internacionais (R:I) - O general «renitente»
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