Jorge Trabulo Marques –
Jornalista e antigo correspondente, em S.Tomé e Principe, da revista
Semana Ilustrada, de Luanda – Este um dos testemunhos que vou editar 50
anos após o fratricida conflito civil
Imagem editada, nos finais do anos sessenta, pela Semana Ilustrada de Luanda, de que eu era seu correspondente
Esta
criança biafrense, antes e depois de recuperada, em S. Tomé, ao fim
de 26 dias de tratamento hospitalar -
Das muitas, ali apoiadas, foi uma das poucas crianças adoptadas por famílias nativas e portuguesas – Hoje, já homem adulto, lembrar-se-á, ainda, do drama por que passou? - Muitas
delas, também quiseram ficar na ilha, mas essa vontade não lhe foi
proporcionada - Existem 249 fichas de identificação dessas crianças refugiadas, no Arquivo Histórico de STP, mas não a sua totalidade.




A Guerra
Civil da Nigéria, também conhecida como a Guerra do Biafra, que
durou de 6 de Julho de 1967 a 13 de Janeiro de 1970, conflito político causado
pela tentativa de separação das províncias ao Sudeste da Nigéria, como a
República auto-proclamada do Biafra, foi um dos maiores genocídios do mundo, que provocou a
mais terrível das fomes
Desde Julho de 1968 até Janeiro de 1970, a Joint Churches Aid (Ajuda Conjunta das Igrejas) organizaram desde São Tomé uma ponte aérea humanitária que, graças a perícia dos pilotos de diferentes nacionalidades em perigosos vôos noturnos, burlando a artilharia nigeriana, abasteceu no mais básico aos assediados biafrenses. Os aviões da JCA fizeram inumeráveis viagens (os faziam várias vezes ao longe na noite) e participaram na evacuação da população indefesa onde o genocídio era certo.


A PONTE AÉREA QUE SALVOU MUITAS CRIANÇAS ESFOMEADAS - MAS QUE TAMBÉM ENCHEU OS BOLSOS A UNS QUANTOS
As organizações humanitárias (que se haviam retirado do aeroporto internacional de Bioko, na altura sob o comando de Francisco Macias, e optado por S. Tomé e Gabão,e optado por S. Tomé e Gabão, assumiam o papel de frota avançada dos novos neo-colonizadores ocidentais, aos quais interessava a independência do Biafra, unicamente para se apoderarem das suas riquezas naturais - Não tenho a menor dúvida que era mais as armas, transportadas, na dita ponta aérea, de que propriamente cargas de mantimentos - Ainda me apercebi de alguns obuses numas caixas - De resto,na Internet, abundam testemunhos desse procedimento.
PARA OS SANTOMENSES, A GUERRA DO BIAFRA ERA APENAS SINÓNIMO. DOS QUE SE ENCHERAM DE DINHEIRO E A IMAGEM DE CRIANÇAS MAGRAS, SUBNUTRIDAS, ESQUELÉTICAS
– "Oh! Parece criança Biafra!" - Esta a expressão que se popularizou, quando alguém via uma criança mais débil ou fraca.
Quase já na fase final do conflito, começaram a chegar à Quinta de Santo António as primeiras crianças, que ali iam ser assistidas e acarinhadas. Quem as podia visitar eram apenas as organizações humanitárias. A maioria dos santomenses não as viu. Mas ficaram a saber, através das noticias ou quando eram desembarcadas no aeroporto. O sentimento que então se propalou e generalizou, foi o de que havia guerra e fome num país de África e que, muitos brancos, se enchiam de dólares à custa dessa mesma guerra.
Também por lá se viam a circular notas do Biafra, mas ninguém as aceitava ou trocava por dinheiro algum. Se os biafrenses (que eram quem mais as trazia), não tivessem dólares na carteira, estavam desgraçados!... Ninguém lhes dava dormida.
As organizações humanitárias (que se haviam retirado do aeroporto internacional de Bioko, na altura sob o comando de Francisco Macias, e optado por S. Tomé e Gabão,e optado por S. Tomé e Gabão, assumiam o papel de frota avançada dos novos neo-colonizadores ocidentais, aos quais interessava a independência do Biafra, unicamente para se apoderarem das suas riquezas naturais - Não tenho a menor dúvida que era mais as armas, transportadas, na dita ponta aérea, de que propriamente cargas de mantimentos - Ainda me apercebi de alguns obuses numas caixas - De resto,na Internet, abundam testemunhos desse procedimento.
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PARA OS SANTOMENSES, A GUERRA DO BIAFRA ERA APENAS SINÓNIMO. DOS QUE SE ENCHERAM DE DINHEIRO E A IMAGEM DE CRIANÇAS MAGRAS, SUBNUTRIDAS, ESQUELÉTICAS
– "Oh! Parece criança Biafra!" - Esta a expressão que se popularizou, quando alguém via uma criança mais débil ou fraca.
Quase já na fase final do conflito, começaram a chegar à Quinta de Santo António as primeiras crianças, que ali iam ser assistidas e acarinhadas. Quem as podia visitar eram apenas as organizações humanitárias. A maioria dos santomenses não as viu. Mas ficaram a saber, através das noticias ou quando eram desembarcadas no aeroporto. O sentimento que então se propalou e generalizou, foi o de que havia guerra e fome num país de África e que, muitos brancos, se enchiam de dólares à custa dessa mesma guerra.
Também por lá se viam a circular notas do Biafra, mas ninguém as aceitava ou trocava por dinheiro algum. Se os biafrenses (que eram quem mais as trazia), não tivessem dólares na carteira, estavam desgraçados!... Ninguém lhes dava dormida.


Claro que não podemos culpar completamente as organizações humanitárias, que cumpriram o seu papel e terão dado o melhor do seu esforço - E, indubitavelmente, enormes esforços e sacrifícios, terão sido dados por parte de muitos dos seus membros - Mas há uma constatação, que ressalta: que o mais importante, não eram as crianças, mas o petróleo - A guerra do Biafra não era excepção: tem sido assim aos longo dos tempos: os interesses materiais a sobrepor-se aos valores éticos e morais

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A ESMAGADORA MAIORIA DAS CRIANÇAS PERDEU-SE NOS ESCOMBROS DA FRATRICIDA GUERRA - FAZ PARTE DA IMENSA LEGIÃO DE VITIMAS INOCENTES E ANÓNIMAS - Algumas, porém, tiveram a sorte de serem assistidas em São Tomé, com o inevitável trauma parab o resro das suas vidas NA QUINTA DE SANTO ANTÓNIO, EM SÃO TOMÉ
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