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INÉDITAS DE LUIS SEPÚLVEDA EM LISBOA -
JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA
Tal como foi noticiado, Luis Sepúlveda estava internado desde finais de fevereiro num
hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com aquela doença. Os
primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival
literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim.
“Tudo isto aconteceu” –
Dizia a Visão, ! ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem
oficialmente qualquer registo de infeção em Portugal, o que só viria a
acontecer a 02 de março.
O escritor tem toda a obra publicada em Portugal – alguns
títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular
em eventos literários no país. https://visao.sapo.pt/visaosaude/2020-04-16-covid-19-morreu-o-escritor-chileno-luis-sepulveda/
“Apesar
de algumas melhorias, o seu estado deteriorou-se nas últimas semanas. Luís
Sepúlveda já não respondia aos tratamentos sucessivos nem aos antibióticos e à
pneumonia sucederam-se outras patologias e problemas que afetaram os seus
órgãos vitais.
Quando a família confirmou o óbito, pela manhã de quinta-feira,
16, muitos admiradores talvez até já o imaginassem em casa, a recuperar do
susto. Mas o susto era, afinal, a notícia que ainda estava para vir.
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Luis Sepúlveda e Jose Francisco Viegas - Foto Web |
A seu lado, sempre, Cármen Yanez, poetisa, de quem se separou em
1973 e reencontrou vinte anos depois, bela história de amor à qual falta um
livro. Nas férias, recebe as visitas dos seis filhos, os dele, os dela, os
deles, e dos netos. Vindos do Equador, da Alemanha e da Suécia. Uma autêntica
“torre de babel” em família, ao jantar. E de comum, um profundo desprezo pela
palavra Pátria. “Essa palavra devia desaparecer. Um patriota exclui os demais,
ignora o valor do outro. O meu lugar no mundo é onde eu quiser”.
Mas não é ainda tempo para o descanso do guerreiro. Nem podia
ser. O homem barbudo, de óculos redondos, calções e sandálias, que nos abre
placidamente a portinhola da cerca de sua casa, é um resistente. As desventuras
de homens e mulheres sem biografia perseguem-no, dão-lhe razões para continuar
a contar as histórias de quem não vem no mapa ou foi embalsamado na amnésia
histórica. Agora, com o lançamento do seu último livro em vários países – O General e o Juiz, edições ASA – Sepúlveda mantém o registo,
mas afia os dentes. A obra é uma homenagem a homens como Salvador Allende,
presidente socialista do governo popular que liderou o Chile entre 1970 e 1973.
Mas é, sobretudo, um ajuste de contas com a memória e também “com alguns
canalhas que tiraram a máscara e mostraram a sua verdadeira face”. É um tributo
a uma geração, a sua, que pagou um alto preço por sonhar um Chile sem amos. E
sem pieguices. “Não somos vítimas, nem coitadinhos. Não precisamos de caridade
cristã. Tentamos mudar a sociedade e o mundo. E somos orgulhosamente culpados
disso”.https://visao.sapo.pt/atualidade/cultura/2020-04-16-o-dia-que-o-escritor-luis-sepulveda-nao-precisou-sair-de-casa-para-dar-a-volta-ao-mundo/
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