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sexta-feira, 29 de maio de 2020

NA SOLIDÃO DO MAR - Escuridão e silêncio absoluto! Nenhum sinal de vida!







Neste momento em que escrevo estas linhas, é noite alta - Olhando para a beleza destas vagas,ao mesmo tempo transporto-me às noites sombrias por onde vivi a sós os momentos mais belos e também os mais angustiosos

Oh Deus!...Onde Irei à Deriva Numa Noite assim?... –
Sozinho e sentado num mísero tronco escavado às desoras!..
Fixando de olhar triste o imenso teto escondido e sombrio!
Discorrendo absorto no fulgor de algum vago ou ténue brilho…
Em busca de um qualquer cintilar longínquo, das eternas estrelas
Donde não vislumbro sinal de luz – Oh grande desilusão a minha!
Estão mudas!... Escuridão e silêncio absoluto! Nenhum sinal de vida!
Porém, em torno de mim, brame e crepita a densa escura treva!
Avança em turbilhões de fumo e vertigem o tumulto da vaga!
Só as escuríssimas ondas, e, atrás delas, outras ondas mais ainda!
Ao mesmo tempo que nos ares se enrola e desvanece a baça névoa!
Erguem-se e perpassam à minha volta, fugazes rolos de inúmeros trapos!
Que se fundem e refundem, num duelo incessante, desvairado torvelinho!
Enquanto meus olhos, mergulhados de afronta, pasmo, medo e mistério,
Me provocam mil interrogações! - Se alucinam de díspares e mil perguntas!
Varrem e escrutinam, todos os confins do convulsivo e misterioso oceano!
Perdidos na superfície da ondulante massa escura, imensa sepultura aberta!

Sim, a sós, comigo e com a minha intimidade, aqui vogo, voz emudecida
Flutuando à deriva e à solta, acima e abaixo de alterosos montes e sulcos
De negras e altas montanhas líquidas, que, cavalgando ao meu encontro,
Ora se erguem, abruptamente, ora parece que nelas me envolvo e afundo.
Porém, sempre de fronte pura e aberta à negra imensidão do infinito!
Às sucessivas rabanadas do agreste uivo do vento, aos seus golpes duros!
Arrastado pela sua fugidia e perturbadora fúria, que ecoa espaço a fora!
Vogando em mar deserto, de mil remoinhos, de fervente espuma escura!
Imerso nas vestes da imensa solidão noturna, perdido e esquecido
De todo mundo e, porventura, até dos escuros e turvados Céus.
E certamente que também da misericórdia ou piedade de Deus .

Jorge Trabulo Marques 


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