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domingo, 12 de julho de 2015

São Tomé e Príncipe - Há 40 anos nasceu uma nação “praticamente do zero” – recordou o Presidente da República, Manuel Pinto da Costa – No seu discurso evocativo do 12 de Julho de 1975

Um dia que faz história de um dia histórico 
Jornalistas - Jorge Trabulo Marques e Adilson Castro






O 12 de Julho, em S. Tomé e Príncipe, começa na véspera - Aparentemente é um dia igual aos demais dias  do ano, porque, na verdade,  estas ilhas ficam no meio do mundo, onde a luz se reparte com a mesma duração das trevas, mas, desde há 40 anos, que é um dia que assume um significado muito especial:  - vivido sempre de uma forma muito alegre e intensa por todo um Povo. 

Pese  algumas contrariedades, desilusões ou erros cometidos pelos seus governantes, a generalidade dos santomenses (naturalmente, que incluindo os habitantes da irmã ilha do Príncipe)  continuam a fazer do seu 12 de Julho  o dia da  Grande  Festa - Vivido  sem constrangimentos ou hesitações, Vivido da forma mais exuberante, porque, esse mesmo Povo,  continua também a acreditar que não há dinheiro algum  que pague a  liberdade, que é, no fundo, a concretização do sonho libertador do 25 de Abril, transformado em liberdade – O mesmo sonho que libertou o Povo Português do jugo de uma prolongada ditadura de cariz colonial e fascista . – Permitindo que a democracia fosse instaurada e que as suas antigas colónias – neste caso, duas pequenas ilhas, colonizadas ao longo de 500 anos, pudessem ascender à sua independência e comandar os seus próprios destinos.


Sim, a  Praça da Independência, na noite de 11 para o 12 de Julho é o maior acontecimento do ano - Festival de música e múltiplas atividades, Com um enorme palco instalado ao lado da tribuna para exibição dos artistas mais populares santomenses e estrangeiros,    Porém, o momento emblemático, o mais solene e ao mesmo tempo mais vibrante, é  a chegada da “chama da Pátria," a tocha que, depois de passar de mão em mão, ao longo de 17 Km, desde o Batepá – a martirizada vila dos massacres do 3 de Fevereiro de 1953, ali dava entrada, precisamente à meia-noite, de forma olímpica, apoteótica, triunfal,  festejada com fogo de artificio - Erguida  pelas mãos de, Ekineide dos Santos, Presidente da Câmara distrital de Água Grande, o anfitrião e  organizador dos extraordinários festejos – Sendo esse o primeiro grande momento de um intenso calendário de eventos, que não se cingiriam apenas à capital mas a todas as cidades distritais das Ilhas







Pois, mesmo antes do nascer do sol, já a Alvorada havia sido despertada ao som da Banda das Forças Armadas e, pelas dez horas, iria então iniciar-se  o ato central evocativo: com o discurso oficial do Presidente da República, desfiles militares, com tropas das Forças Armadas Santomenses   e dois contingentes de países vizinhos: Gabão e Guiné Equatorial – Não apenas pela sua proximidade também por terem sido nos países que acolheram os militantes nacionalistas do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe na luta pela independência nacional – E que, sob diversas  formas, desde os anos 60, menos através da luta armada –  ou não fossem os habitantes destas ilhas, um Povo pacífico,  passaram a opor-se  ao domínio colonial português, com vista à sua independência.

Além do vistoso espetáculo da parada militar, com o desfile de garbosos soldados, sargentos e oficiais, a bem dizer, no que Povo mais se divertiu foi com o desfile etnográfico, com os mais diversos motivos, desde os artesanais brinquedos das crianças, construídos com pedaços de madeira, por mãos simples, infantis  e engenhosas, à exibição do  genuíno e  diversificado folclore das ilhas, que, mesmo não mudando de  figurino, nunca deixa de encantar e animar  - Mas também ao desfile dos varridíssimos produtos e frutos da generosidade da terra e do mar.




 -Manuel Pinto da Costa - "O mundo mudou e São Tomé e Príncipe soube acompanhar essa mudança e ser pioneiro em África na transição pacífica e tranquila do monopartidarismo"- Pormenores do texto, mais à frente 



Primeiro-ministro Patrice Trovoada - Mensagem nos 40 anos de Independência de São Tomé e Príncipe - Lida na STPtv -
 



Na tribuna de Honra, estiveram representantes  de vários países, nomeadamente, o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca; o segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mangue; o primeiro-ministro do Gabão, Daniel Ona Ondo; o ministro angolano da Administração do Território, Bornito de Sousa; o ministro argelino do Ordenamento do Território, do turismo e do Artesanato, Amar Ghoul; o secretário de Estado português da Cooperação, Luís Campos Ferreira  e Maria Paula da Silva Cepeda; e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Simon Chen. (dw.de)

Não vou aqui reportar-me, detalhadamente, ao que se passou, na Praça da Independência, porque o que houve foi uma longa e intensa festa, desde a noite de 11 para 12 e ao longo da 12 horas deste dia, porque, festejar o 12 de Julho, não tem nada a ver com os estafados discursos das efemérides de  Portugal ou de outros  países europeus, em que, praticamente, o único significado que   têm os feriados  é o de não se fazer nada





De seguida, vou transcrever na íntegra o discurso do Sr. Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa,, que, tendo sido ele, em 12 de Julho de 1975, a a fazer o primeiro discurso de um pais independente, as suas palavras agora, 40 anos depois,  também assumem particular significado. 

 -Manuel Pinto da Costa - "O mundo mudou e São Tomé e Príncipe soube acompanhar essa mudança e ser pioneiro em África na transição pacífica e tranquila do monopartidarismo"

Compatriotas

Há 40 anos começámos a percorrer o caminho que nos trouxe até à actualidade. Ao país que temos e ao país que queremos ter. O que somos e o queremos ser.
Não foi um caminho fácil nem isento de erros mas é preciso sublinhar hoje que partimos praticamente do zero com um legado colonial cujas consequências negativas perduraram durante muitos anos.

Herdámos terras e explorações agrícolas, base da nossa economia, abandonada. Uma a administração pública desmantelada. Um país sem quadros formados, sem recursos financeiros. Tivemos de construir um Estado a partir do nada.

Muita coisa mudou entretanto. O mundo mudou e São Tomé e Príncipe soube acompanhar essa mudança e ser pioneiro em África na transição pacífica e tranquila do monopartidarismo para a democracia multipartidária.

Tivemos 15 anos de regime de partido único. Fizemos a mudança para a democracia pluralista há 25 anos.

Este é um percurso que nos deve orgulhar. É um património da nossa história que devemos valorizar.

Não podemos continuar a viver de saudosismos. Nem de um passado que já não volta nem daquilo que poderíamos ter feito e não fizemos.

Não podemos fazer da nossa história um alibi permanente para a situação em que o país se encontra nem justificação para que São Tomé e Príncipe  não arranque em direcção ao progresso.


Temos de ser capazes de assumir os erros cometidos com humildade porque todos os cometeram e a, partir daí, ultrapassar o passado, encarar com realismo o presente e construir, com esperança, o futuro.
Gostaria, a este propósito, saudando calorosamente nesta ocasião, os povos irmãos de Moçambique, Angola, Cabo-Verde e Guiné Bissau que celebram como nós a independência, recordar e citar palavras recentes do ex-presidente Moçambicano, Armando Guebuza.
Disse este:


“O nosso maior sucesso foi termos adquirido uma identidade, podermos ter as nossas próprias opções e até cometer os nossos próprios erros”…
É na nossa identidade, que começámos a reconstruir nas quatro décadas que levamos de independência que reside a chave para o sucesso de São Tomé e Príncipe, recusando a nacionalização do pessimismo, da crítica destrutiva, do desânimo, da inércia e do isolamento insular que nos empurra constantemente para nós próprios.

Existem motivos mais que suficientes para acreditar que, apesar dos erros cometidos, apesar da pobreza que ainda não vencemos, das carências estruturais que persistem, que valeu a pena e somos capazes de conquistar um futuro de progresso, desenvolvimento e justiça social.
Podíamos ter feito melhor? Podíamos.
Podíamos ter cometido menos erros? Podíamos.
Podíamos ter alcançado melhores resultados? Podíamos.
Mas é valorizando o que conseguimos enquanto povo apesar de todas as dificuldades que enfrentámos que podemos potenciar o que há de melhor em nós e o país, não tenhamos dúvidas, precisa do melhor de nós. De todos nós, sem exclusões de qualquer natureza. 


Alcançámos progressos significativos em áreas fundamentais para o desenvolvimento como a saúde e educação onde estamos à beira de conseguir cumprir em vários domínios os objectivos do milénio definidos pelas Nações Unidas.

Temos uma democracia estabilizada e com provas dadas de maturidade.

Um governo com todas as condições políticas para garantir a tão almejada estabilidade até 2018.
Temos um capital humano jovem, generoso e com vontade de participar no desenvolvimento do país com potencialidades enormes se devidamente aproveitadas.
Somos um povo que apesar das desigualdades tem sabido manter a paz e coesão social.
Estes são também traços da nossa identidade que todos os que ocupam os centros de decisão têm de ter a capacidade de mobilizar e potenciar para desenvolver as mais-valias da posição geoestratégica do país no golfo da Guiné com um mercado ao seu alcance de mais de 300 milhões de consumidores.


Dizia eu há 3 anos que é preciso, neste mundo global, competitivo e vivido em tempo real devido aos avanços tecnológicos no domínio da comunicação, construir pontes para o exterior, preservando a imagem de um país que é, seguramente, a sua principal marca.

Hoje queria acrescentar que temos de saber também e ao mesmo tempo construir pontes entre nós próprios, independentemente das diferenças, num permanente diálogo construtivo e gerador de consensos estratégicos que permitam ao país construir um futuro melhor, o futuro com que todos sonhamos desde que conquistámos a independência.

O diálogo nunca será uma causa perdida nem falhada porque sem diálogo não há democracia nem coesão social.

Mesmo que os resultados fiquem aquém das expectativas o diálogo será sempre um instrumento fundamental para unir as diferenças, enriquecer a diversidade e encontrar caminhos comuns que mobilizem as energias da nação para vencer os desafios do século XXI.

Compatriotas

Hoje, 12 de Julho, é o dia de todos os Santomenses e é a todos que me dirijo.
Mas permitam-me algumas palavras em especial  de solidariedade para os mais desfavorecidos.  Aos que diariamente vivem o flagelo da pobreza, da sobrevivência, da incerteza sobre o dia de amanhã.

A nossa independência só será total e completa, como diz o nosso hino, quando erradicarmos a pobreza

Este é um combate que iniciámos há 40 anos e que temos de fazer com o mesmo espirito com que lutámos pela autodeterminação.

E para o conseguirmos é preciso como então, união entre todos os Santomenses, sejam quais forem as suas origens, credos ou convicções políticas.

Empenhemo-nos de novo, com o entusiasmo das grandes causas como foi a causa da independência, na criação de condições para que todos, sem excepção, vivam com dignidade.

Apostando, rumo ao progresso, nos recursos que temos ao nosso dispor sem ficar à espera daqueles que ainda não temos, na nossa agricultura, no mar e na pesca, na educação, na saúde, na prestação dos serviços, na atracção de investimento produtivo, no aprofundamento da cooperação com os nossos parceiros, no estreitamento do envolvimento e ligação à diáspora.

Esta é uma aposta de todos e que só pode ser ganha com união entre todos.
Numa conjuntura externa adversa de crise económica internacional persistente e numa altura em que a crise na zona euro decorrente dos últimos acontecimentos na Grécia aumenta o grau de incerteza quanto ao futuro temos de saber só unidos estaremos preparados para ultrapassar todas as dificuldades.

Permitam-me a este propósito que recorde as palavras que proferi em 1975 na emissão especial radiofónica feita no dia da independência. 

“ Estou firmemente em crer que todo o nosso povo estará connosco, que todo o nosso povo tem a consciência desse momento e nós conseguiremos com ele construir uma pátria nova. Uma pátria onde todos os homens de São Tomé e Príncipe serão felizes”

Quarenta anos depois este tem de continuar e continuará a ser o nosso grande propósito." ------------------- Discurso na íntegra do Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da costa 


40 anos/São Tomé e Príncipe: Miguel Trovoada confiante na "vontade de crescer" do povo

CM - O ex-Presidente são-tomense Miguel Trovoada afirmou hoje, à margem das celebrações oficiais dos 40 anos do país, que a população mantém "o entusiasmo e vontade de crescer". "Eu julgo que é preciso manter a esperança do primeiro dia e a determinação. Convencidos de que juntos, poderemos fazer melhor e que o futuro está diante de nós", disse Miguel Trovoada aos jornalistas, que foi convidado a participar na comemoração dos 40 anos de independência do seu país. Para o pai do atual primeiro-ministro, Patrice Trovoada, paira nos são-tomenses "a certeza no futuro", apesar do atraso económico em que o país vive, 40 anos depois de ter proclamado a independência. –








Portugal fez-se representar pelo secretário de Estado português da Cooperação, Luís Campos Ferreira e Embaixadora Maria Paula da Silva Cepeda – E, pelos vistos, com uma agenda muito preenchida

Luis Campos Ferreira, afirmou hoje à Lusa que Portugal e São Tomé e Príncipe vão assinar um acordo diplomático para "consultas políticas regulares, entre os dois países". O objetivo é criar um grupo de trabalho que agende "reuniões com representantes políticos dos dois países de modo a fazer um balanço regular das relações a todos os níveis: cultural, económico e diplomático", explicou o secretário de Estado, após uma reunião com o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada. Luís Campos Ferreira esteve em São Tomé em representação de Portugal nas celebrações dos 40 anos da independência do país.

Extraído de 40 anos/São Tomé e Príncipe: Portugal acorda reuniões políticas regulares entre os dois países - Cm ao Minuto ..





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